Você é velocista ou maratonista?

6 anos atrás

Você é velocista ou maratonista?

 

As competições de atletismo na TV chamam muito atenção pela diversidade e a diferença entre o porte físico dos atletas. Quando a gente vê aquele pessoal correndo os famosos 100 metros rasos que consagrou Usain Bolt, a gente nota a capacidade desses caras e dessas mulheres de imprimirem uma velocidade absurda num curto espaço de tempo.

Repara pra você ver a quantidade de músculos que saltam aos olhos durante a corrida em câmera lenta. É um negócio surreal! Tamanha força que o atleta faz pra dar a arrancada e pra seguir adiante até cruzar a linha de chegada que está logo ali, há 100 metros dele. Esses atletas que realizam atividades de explosão, de curta duração são os famosos velocistas. Eles querem força, potência, resultado imediato. Descarregam toda a energia nas pernas, nos braços, na cabeça, em 30 ou 40 segundos. E por isso são considerados atletas mais fortes, com aqueles abdômens trincados, pernas e braços torneados… são, literalmente, fortes.

Visualmente falando fica fácil separar um velocista de um maratonista. Aquela pessoa que passa duas horas ou mais correndo, que muitas vezes, se separa do pelotão. Segue firme dando passadas a 20km/h. Aquele ou aquela atleta magro, quase esquelético, com poucos músculos, fininho(a) de cima embaixo. Esse aí é o corredor de resistência. Ele faz pacientemente o caminho da prova, segue no ritmo do coração os compassos que vão levar até o último quilômetro da prova.

Os dois tipos de atletas tem características muito diferentes. São corredores, mas são muito, muito distintos. Tudo que eles fazem, desde o treino até o biotipo não se parecem em nada.

 

Veloz ou constante? Que tipo de corredor é você?

 

Existem características físicas e potencialidades individuais que podemos notar em cada um de nós desde nossa infância. Nas primeiras aulas de educação física na escola já percebemos crianças que são naturalmente mais rápidas que outras, enquanto por outro lado identificamos aquelas que se cansam menos, mostrando melhor capacidade de resistência.

A explicação para estas diferenças, todos sabemos que está na bagagem genética de cada um, e do ponto de vista de qualidades físicas, o sistema neuromuscular justifica muitas dessas diferenças. Nos músculos esqueléticos encontramos diferentes tipos de células, chamadas fibras musculares. Fundamentalmente existem dois grandes grupos: as células do tipo 1 ou células de contração lenta e as células do tipo 2 ou células de contração rápida.

A bagagem genética de cada um de nós proporciona uma determinada distribuição percentual dessas fibras nos diferentes músculos do nosso aparelho locomotor. Pode existir uma distribuição equilibrada ou um predomínio de um dos tipos de fibras. Quando o predomínio é das células do tipo 1, existe uma predisposição para muito melhor adaptação aos exercícios de resistência, e naturalmente o portador deste perfil tem um potencial para se tornar um atleta de exercícios de longa duração como maratona, ciclismo de longa distância etc.

Entretanto, este perfil torna mais difícil o ganho de massa muscular e de força. Se observarmos os corredores de elite de provas de maratona, que caracterizam os exemplos mais extremos dessa predominância de fibras lentas, podemos perceber a manifestação típica dessas características.

Por outro lado, quando o predomínio é de células do tipo 2, o potencial genético proporciona melhor adaptação para solicitações de velocidade e ganho de força e massa muscular. Esses são os indivíduos geneticamente dotados para esportes de força, potência e velocidade. Entretanto, possuem limitações para tolerar exercícios de resistência, e demonstram dificuldade para se adaptar às solicitações físicas de longa duração.

Quem tem o perfil do equilíbrio das fibras, pode ter razoável adaptação aos dois tipos de solicitação (esse é o meu caso, descobri pelo teste genético da VISIOGEN), entretanto não será nem um grande maratonista, nem um excepcional velocista. O treinamento pode mudar este perfil? Esta é uma questão ainda controversa na ciência. Apesar de evidências de melhora em ambas as direções, lutar contra a genética vai ser sempre difícil!

O mais difícil é você criar coragem e começar a correr. A partir do momento que você descobrir quem é você, qual o seu perfil, vai ficar mais fácil se tornar um velocista ou um maratonista ou um corredor de distâncias menores (5km, 10km…). O que você não pode é ficar parado. Então, que tal correr agora?

Virgínia Nalon (é jornalista da TV Record, triatleta, mãe do Seven e filha do Deus vivo!)