Corredor FAKE ou corredor de VERDADE

6 anos atrás

Nos últimos anos, a corrida tem se tornado um dos esportes mais praticados em todo mundo. Por onde se olha, em qualquer lugar que se vai, tem sempre alguém correndo por aí. Seja em locais próprios pra isso ou na rua, nas estradas ou nas academias.

A busca pela qualidade de vida, pelo emagrecimento, tem levado milhões de pessoas a deixarem o sedentarismo no sofá e partir pra corrida. E com tantas provas ao longo do ano, mais gente tem adotado a corrida como estilo de vida. E é exatamente a necessidade de melhorar o tempo, de transpor barreiras, de chegar numa colocação melhor, bater metas, que muitos corredores têm pulado etapas e corrido atrás de um “jeitinho” pra correr cada vez melhor e mais rápido e é aí que mora o perigo.

Se você descobrisse hoje um medicamento, um hormônio ou uma pílula que fizesse você correr mais rápido que na semana passada, você usaria, ou não? Muita gente sem pensar duas vezes, obstinada em conseguir terminar uma prova em menos tempo, responderia de cara que sim. E não pense que é difícil ir por esse caminho, não.

Com a facilidade para adquirir (basta uma simples busca na internet), cresce a utilização de substâncias proibidas por corredores. Médicos, treinadores e nutricionistas dizem que o uso é até mais comum do que na elite.

O doping está diretamente ligado ao esporte de alto rendimento e o atletismo não foge a essa regra. A justificativa: a incansável busca da performance, da melhora de centésimos de segundos que podem representar uma vitória ou uma 10ª posição. Há quem diga que a indústria do doping está sempre um passo à frente das agências de controle. Tanto que o sangue de atletas está sendo guardado por anos até que exista a tecnologia necessária para a análise. Mas e entre os amadores? O que justificaria o uso de anfetaminas, hormônios, EPO?

Não há números para comprovar o uso de substâncias proibidas entre corredores e triatletas amadores, já que não há qualquer controle ou exames para eles nas provas. Inclusive entre os atletas de elite não são todas as provas, mesmo oficiais, que contam com os testes.

O problema não se restringe ao Brasil nem é algo recente. Vem de anos. A busca por artifícios que vão melhorar o tempo é antigo. Acontece que hoje, com a internet, há um maior acesso às substâncias químicas.

Comprovando que o artifício não é recente, mas preocupa as autoridades, há quatro anos, em Berlim, na Alemanha, houve uma campanha contra o doping no esporte de recreação. Na época, o porta-voz do Ministério da Saúde, Klaus Vater, informou que havia uma espécie de competição entre os esportistas amadores. A justificativa: uma pressão por resultados (de amigos, das equipes…) leva os amadores a fazer uso de substâncias proibidas para melhorar o desempenho. Já naquela época, a intenção era mostrar, especialmente aos mais jovens, a possibilidade de efeitos destrutivos para a saúde causados pelo uso desses remédios.

ATÉ NOS KITS. No Brasil isso ocorre raramente, mas no exterior, principalmente em provas mais longas, incluindo as ultramaratonas, muitos kits de participação já vêm com comprimidos estimulantes e relaxantes musculares, por exemplo, que, mesmo que não contenham elementos considerados dopantes pelas leis internacionais, beneficiam bastante no desempenho, principalmente retardando o início das dores musculares.

Separando esses grupos citados, há centenas de amadores que dividem os treinamentos com o trabalho, obtendo resultados de expressão, sem qualquer substância extra. São frutos exclusivamente da genética e do esforço pessoal, correndo entre 33 e 34 nos 10 km, 1h15 na meia-maratona e sub 2h40 na maratona. Geralmente, são pessoas simples, mas que se destacam nas corridas devido a uma preparação excelente.

“COMECEI A CORRER, O QUE DEVO TOMAR?”

De acordo com nutricionistas, no mercado existem inúmeros suplementos, sendo que os mais procurados, atualmente, são os que não têm aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Mas por que muitos amadores procuram o caminho mais curto? Eu Acho que querem resultado rápido, melhora na performance do dia para noite, mesmo que tenham que colocar a saúde em risco. Acredito também que as pessoas que estão tomando esses suplementos sabem exatamente os riscos que correm, mas por pura vaidade, arriscam a própria saúde. Será que vale a pena?

O CAMINHO MAIS CURTO COBRA SEU PREÇO

Médicos, especialistas no assunto, dizem que obter resultados por conta do uso de substâncias proibidas é jogar sujo. Nós, corredores amadores, que visamos performance, sabemos o quanto é duro alcançar os resultados que almejamos. São meses de treinamento, abdicações, sofrimento, dieta rigorosa, horas de sono perdidas, investimentos físico, psíquico e financeiro, tudo para que consigamos evoluir no esporte. Quem não está disposto a pagar essa conta não alcançará os resultados. Entretanto, sempre há um ‘atalho’ que muitos buscam e o doping é a saída rápida e fácil para os que não querem construir sua evolução no esporte.

 

E você, quer ser um corredor FAKE ou um corredor de VERDADE?

Virgínia Nalon (é jornalista da TV Record, corredora, mãe do Seven e filha do Deus vivo!)